O primeiro beijo gay na TV brasileira ocorreu na TV Tupi (1950-1980). Vida Alves (1928-2017) e Geórgia Gomide protagonizaram o primeiro beijo entre pessoas do mesmo sexo no teleteatro A Calúnia (TV Tupi, 1963). O detalhe: a cena foi transmitida ao vivo. Entretanto, não havia videotape na época. Ou seja, não há registro dessa cena.
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“As novelas eram mais simples que as de hoje”, lembrou Vida Alves em depoimento ao programa Witness, do serviço mundial da BBC. “Não passavam todos os dias. Só duas, três vezes por semana. Porque só assim podiam ser transmitidas. A TV era muito pequenina. Só havia programação noturna”, contou a veterana.
O primeiro beijo gay, portanto, ocorreu há 60 anos.
TV Manchete furou a Globo na década de 90
A minissérie (1990), exibida na extinta TV Manchete, realizou o primeiro beijo gay em produtos gravados e focado apenas para a televisão. A trama relacionava os orixás de religiões afro-brasileiras com histórias do cotidiano. Daniel Barcelos e Rai Alves se apaixonaram e viveram um romance.
Beijos em outras novelas
América (Globo-2005): O beijo entre Zeca (Erom Cordeiro) e Júnior (Bruno Gagliasso), em América chegou a ser gravado. Todavia, nunca foi exibido. Mesmo assim, o público demonstrava torcer bastante pelo casal da trama da Globo. Em entrevista ao jornal O Tempo, Gloria Perez disse que ficou decepcionada pelo beijo não ter ido ao ar no último capítulo. A autora revelou que a decisão partiu da emissora.
Amor e Revolução (SBT-2012): A cena de romance vivida pelas atrizes Luciana Vendramini e Giselle Tigre foi ao ar em ‘Amor e Revolução’, do SBT, em 12 de maio de 2011. As atrizes viviam as personagens Marcela e Marina, respectivamente, e assumiram a forte paixão que existia entre as duas. A repercussão, no entanto, foi negativa. Desta forma, a ideia de repetir a cena com os atores Lui Mendes e Carlos Thiré foi abandonada.
Amor à Vida (Globo-2014): Finalmente, a Globo decidiu levar ao ar uma cena de beijo gay em suas novelas. Coube a Thiago Fragoso e Mateus Solano, casal de Amor à Vida (2014). Na ocasião, foi criada uma expectativa em torno da cena. O casal Nico e Félix, respectivamente, foi um verdadeiro sucesso. A audiência foi ampla e houve boa repercussão da novela de Walcyr Carrasco.
Outras novelas e séries mostraram cenas homotéticas:
Três anos antes, a emissora já vinha dando sinais de que o beijo gay chegaria forte nas novelas. Sentindo-se mais à vontade, José Mayer (Cláudio) deu um “selinho” em Klebber Toledo (Léo), em Império (2011). O casal viva uma relação extraconjugal, mas oficializaram a união no final da trama de Aguinaldo Silva.
Ainda em 2014, a Globo mostrou o primeiro beijo gay entre mulheres. Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller) protagonizaram a cena na novela Em Família, de Manoel Carlos.
Em 2015, ninguém menos que Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg formaram um casal de mulheres maduras em Babilônia. A trama de Gilberto Braga (1945-2021) teve um beijo gay logo no primeiro capítulo. A cena pegou o público de surpresa. Em entrevista à Contigo!, Fernanda comentou sobre a repercussão do beijo e confessou ter ficado surpresa com o fato da cena ter sido tão comentada.
“Não posso acreditar que ainda se espantem com a homossexualidade. Não acredito que, depois de tantas novelas com essa temática, ainda tenha esse escândalo. É uma bobagem”, disse a veterana.
Globo ousou em exibir primeira cena de sexo gay em minissérie
Em 2016, a Globo exibiu a primeira cena de sexo entre pessoas do mesmo gênero. Caio Blat e Ricardo Pereira participaram do momento, em ‘Liberdade, Liberdade’, exibida às 23h.
O romance entre um militar e um rapaz foi se desenvolvendo lentamente e cativando o público. A cena causou polêmica na época e dividiu a opinião de quem assistiu.
O beijo gay em Malhação: Viva a Diferença (2017), também animou os espectadores. Lica (Manoela Aliperti) e Samantha (Giovanna Grigio) formaram um dos casais que mais tiveram a torcida do público. O beijo das adolescentes derreteu o coração dos fãs.
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Para os atores que interpretaram a cena na Manchete, a Globo respondeu à pressão da sociedade. “A Globo não fez isso de bobeira. O mercado impôs, a sociedade impôs”, explicou a BBC.
Enquanto isso, a Globo desiste de telejornal na faixa vespertina
A Globo desistiu de produzir um telejornal no final da faixa vespertina. O departamento de jornalismo fez uma série de estudos. A conclusão inicial era que o canal precisava de um telejornal local, por volta das 17h, para brigar na faixa horária com a Record (Cidade Alerta) e o Brasil Urgente (Band).
Em suma, a ideia não foi adiante por que algumas afiliadas alegaram que não teriam “condições técnicas” em produzir mais 30 minutos de conteúdo jornalístico.
Para isso, seria necessária a contratação de profissionais e aumentar a carga de hora extra. Ou seja, gastar mais.
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Em tempos de cortes de custos, isso foi levado em conta. Por curiosidade, algumas afiliadas da Globo sempre estão reclamando por não ter pautas suficientes para colocar em seus telejornais.
Ao todo, são 3h45 no período diurno: 2h30min (6h-8h30) no ‘Bom Dia Praça ‘ e 1h15 (11h45-13h) no ‘Praça TV’ 1ª edição.
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Para enrolar o telespectador, há repórteres que vão para rua e “se viram nos 30”. Alguns pegam certa pauta e só faltam entrevistar o “poste de luz”. Tudo para dar o tempo necessário de cobrir a faixa horária.