Em seu livro O Lado B de Boni, o ex-diretor e ex-vice-presidente de Operações da TV Globo, Boni, conta muitas coisas que qualquer apaixonado por novelas gostaria de saber, no entanto, uma dessas confissões chama atenção.
No livro, o ex-diretor chama atenção ao dizer que a novela de sucesso de 1989, Que Rei Sou Eu?, ajudou a eleger o ex presidente Fernando Collor de Mello naquele ano. Vale lembrar que, o ex-presidente foi o primeiro na história a passar pelo processo de Impeachment.
Esse livro em questão é uma biografia que vai contar histórias que o ex-diretor Boni, pai do atual diretor Boninho, nunca contou. Nele, recém-lançado pela Editora Best-Seller, possui um capítulo com o nome de “Caça aos Marajás”.
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Boni, ex-diretor da Globo, diz que novela ajudou na eleição de Collor de Mello
Fernando Collor de Mello
Nesse sentido, o capítulo trata sobre a novela Que Rei Sou Eu? do autor Cassiano Gabus Mendes (1929-1993) e conta sobre como a Globo se portou na disputa pela presidência democrática no Brasil logo após o período militar.
“Desde 1975, o Cassiano Gabus Mendes vinha insistindo para que a Globo produzisse um humorístico de capa e espada no horário das sete da noite. No início, pensei que ele queria mesmo fazer uma aventura, no estilo O Capitão Blood, com o Errol Flynn”, iniciou Boni.
Em seguida, “Eu nunca toparia. Mas ele me explicou que seria um humorístico, uma sátira ao regime brasileiro”, disse.
No livro, Boni também explica sobre a época da censura no Brasil em que diversas novelas como Roque Santero, em 1975, foram vetadas. No entanto, com o retorno das novelas, Bono entrou em contato com Cassiano para transmitir Que Rei Sou Eu?
“Pensei em um rap para a abertura, então eu mesmo escrevi a letra do Rap do Rei. Eu e o Hans Donner pensamos imediatamente nas imagens lembrando a Revolução Francesa”, disse.
“O Cassiano criou a expressão ‘marajás’ para os ricaços corruptos da novela, e não se sabe de fato, mas parece que foi da novela que o Fernando Collor tirou a expressão de sua campanha ‘caça aos marajás”, iniciou.
Em suma, Boni finalizou: “Mesmo sem qualquer intenção, a novela acabou ajudando o candidato”, diz Boni sobre a eleição de Collor de Mello.
No livro, Boni também se lembrou de uma edição do Jornal Nacional que foi ao ar nas vésperas da eleição e acabou prejudicando o candidato Lula na época e favorecendo Collor de Melo. Inclusive, a Globo reconheceu os erros daquela edição no site Memória Globo.
