Famoso jornalista, Roberto Cabrini é conhecido por diversas matérias investigativas de peso. Porém, poucos sabem que ele já sofreu uma grande decepção. Em 1992, ele foi atrás do tesoureiro PC Farias, que saiu do Brasil dias antes da votação do impeachment de Collor.
Através de suas fontes, o jornalista descobriu que o empresário estava em Barcelona e decidiu se hospedar no mesmo hotel do tesoureiro. Após conseguir contato com ele, com a ajuda de uma funcionária, Cabrini fez a entrevista. E tudo estava programado para ir ao ar naquela noite. Mas o problema é que na época era necessário gravar, editar e enviar a matéria por um satélite.
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Devido um acidente na cidade, ele perdeu horário para o envio e a matéria só chegou na Globo 10 minutos após o Jornal Nacional. Mesmo assim, ele poderia passar a reportagem em um plantão em um dos intervalos ou esperar o dia seguinte. Roberto achou que nenhum outro jornalista conseguiu informação de PC e preferiu aguardar. Mas ele não contava com astúcia de Xico Sá, que emplacou na capa da Folha onde estava o empresário. Posteriormente, o jornalista Clóvis Rossi foi enviado pelo periódico para Espanha com objetivo de entrevistar Farias. E assim eles conseguiram publicar a entrevista antes.
A situação provocou incomodo em Cabrini, pois a matéria perdeu o impacto. Mas ele teria uma nova chance, pois PC sumiu outra vez.
Dica de anônima ajudou Cabrini
Em junho de 1993, a justiça entrou com mandado de prisão para PC, mas ele fugiu. Isso disparou um alerta em toda a imprensa, e mais uma vez Cabrini foi atrás de Farias. Ele conseguiu uma pista através da ligação de Beatriz, uma moça que trabalhava em empresa de turismo. Ela admitiu que o chefe lhe pediu uma reserva estranha em um hotel e que o motorista não poderia ser brasileiro. A profissional achava que se tratava de um árabe, e Roberto foi apurar. Juntando pistas e o contato de Raul, um ajudante de PC, descobriu que a reserva era para o tesoureiro.
Raul estava relutante em ceder informação, porém, após Cabrini dar evidência que viu PC e estava com matéria pronta sobre caso, ele decidiu falar. Na verdade, o jornalista ainda não tinha reportagem, só quis confirmar se sua tese estava correta.
Dias depois, Raul saiu de Paris e foi a Londres auxiliar Cabrini na reportagem. PC não queria ter seu paradeiro revelado porque na semana seguinte seu habeas corpus seria julgado no Brasil.
Dessa vez, o repórter entrou por telefone para um flash do Jornal da Globo. Ele informou o paradeiro de PC e as primeiras informações. Posteriormente, o empresário não queria ser filmado, mas topou aparecer. Inicialmente achou que apareceria só no sofá ao lado de Cabrini, mas ele filmou toda conversa com empresário. A edição apareceu na matéria que foi o recorde de audiência do Jornal Nacional com 80 pontos.
Só que aí há uma confusão. A Folha do dia 22 de outubro de 1993 publicou uma propaganda em que diz que ela publicou notícia com exclusividade no dia 21. O PC ligou para o jornal no dia 20 para informar que estava em Londres. Já Cabrini fez anúncio que tinha a reportagem na noite do dia 20, mas Globo optou por exibir a íntegra na noite seguinte.
Posteriormente, a justiça da Inglaterra aceitou extradição, e ele fugiu de novo dessa vez para Tailândia. E mais uma vez Cabrini foi atrás.
Posteriormente, Cabrini foi atrás do empresário até na Tailândia
Dessa vez, o repórter conseguiu contato direto com Vera. Ela era uma vidente que acompanhava Elma — esposa do empresário a época — do hotel em Bangkok. Cabrini conseguiu número do apartamento e marcou uma entrevista com Elma. E posteriormente entrevistou o próprio PC na prisão e o acompanhou até o Brasil.
Outro fato curioso é que quem deu a notícia da morte de PC, em 96, foi Marcio Canuto. Ele era único disponível na afiliada da Globo em Maceió, onde ocorreu o crime e fez flashes para emissora sobre o caso. Mariana Godoy entrevistou Canuto e confessou que achou que o plantão era uma brincadeira do Casseta e Planeta.