A massa falida da extinta TV Manchete irá a leilão. A 3ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo agendou para setembro o trâmite que colocará o acervo da emissora, extinta em 1999.
A expectativa é que haja, ao menos, setenta pacotes de fitas, divididos em três lotes: programas, jornalísticos, novelas/seriados.
DÍVIDA DA MANCHETE
O valor total das obras é avaliado em R$ 5,6 milhões. Todo o valor arrecadado com o leilão irá para o pagamento de dividas da massa falida da extinta emissora de Adolpho Bloch (1908-1995). As informações são do site Notícias da TV.
Mesmo conseguindo vender as obras e as produções, o dinheiro jamais atingirá o montante para pagar o que a TV Manchete deve.
A emissora conta com muitos processos trabalhistas e impostos que não foram quitados em tempo hábil, com juros altíssimos. A dívida é encarada como exorbitante.
O site Notícias da TV fez uma consulta à PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional), órgão responsável por cobranças fiscais sobre dívida da TV Manchete. Estima-se que o valor seja de R$ 560 milhões.
O primeiro lote do material estará disponível em 17 de setembro, às 14h30, e terá três dias para que haja o arremate.
Os interessados poderão ofertar valores sobre as fitas, que estão disponibilizadas no leilão. Ainda não há previsão para abrir os outros dois lotes.
TV MANCHETE PODE SER COMPRADA
O uso do nome TV Manchete está no primeiro lote. O registro da marca que está no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) e os interessados poderão fazer lances entre R$ 62 mil e R$ 128 mil.
No segundo lote, o mais robusto, constam cenas, sem edição, da novela Pantanal (1990). A trama ganhará uma nova versão na TV Globo. Trata-se do maior sucesso da história da Manchete.
O lance inicial para comprar o conteúdo original é de R$ 375 mil.
Dona Beija (1986), Karanga do Japão (1989), e Ana Raio e Zé Trovão (1991) também estão no leilão.
PRODUÇÃO PROIBIDA
Por R$ 26 mil, um comprador poderá levar para casa a minissérie O Marajá.
A produção narra a trajetória de Fernando Collor de Mello e foi impedida de ser exibida pela Manchete. Entretanto, tempos depois, a justiça liberou a exibição. Só que o material havia sumido.
Na produção, Hélcio Magalhães vivia Elle, presidente de um país fictício e que desejava ficar no poder durante 30 anos, o que chegaria até 2020.
Parecem-lhe algo factual?
A produção foi escrita por escrita por José Louzeiro, com Regina Braga, Eloy Santos e Alexandre Lydia. A direção foi feita por Marcos Schechtman.
GRAVAÇÕES ÀS PRESSAS
O Marajá foi produzido com uma única câmera e teve cenários reaproveitados de outras produções da TV Manchete para ambientar os personagens.
Suas gravações ocorreram em tempo recorde. A previsão inicial era de 80 capítulos. Quinze deles estavam gravados e cinco editados para a estreia, agendada para 26 de julho de 1993.
Nomes como Julia Lemmertz, Rubens Corrêa, Antônio Petrin e Ângela Leal faziam parte do elenco.
CENSURA
Collor deixou a Presidência em 1992, um ano depois da produção. Fora do cargo executivo, ele entrou na Justiça e conseguiu a proibição e exibição da minissérie, alegando que “havia risco de danos irreparáveis”.
A decisão da Justiça saiu no sábado (24). Entretanto, a emissora só foi comunicada oficialmente pela justiça às 18h do dia 26, poucas horas antes da estreia. Tudo feito propositalmente para que a obra não entrasse no ar.
Como resposta imediata, os advogados da TV Manchete entraram com pedido para tentar cassar a liminar, na tentativa de exibir a produção, agendada para entrar no ar às 21h30.
O Jornal da Manchete foi esticado até às 21h50 na tentativa de conquistar uma decisão liminar. Entretanto, os advogados da emissora não tiveram sem sucesso.
Desta forma, a emissora optou por antecipar a estreia de outra minissérie, A Chave para Rebeca, que iria ao ar às 22h15.
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