Muita gente conhece Marcelo Rezende do tempo que ele apresentou o Cidade Alerta, da Record. Mas poucos sabem que ele teve um passado como repórter da Globo. E em uma de suas reportagens, ele conseguiu exibir uma matéria graças a fitas VHS do programa da Xuxa.
Mas para entender o porquê que a gravação da apresentadora o ajudou indiretamente é preciso entender o contexto. Marcelo recebeu informação de uma fonte que os sequestradores de Roberto Medina estavam no Paraguai. O empresário ficou sob cárcere por 15 dias em 1990. Os responsáveis seriam presos pela polícia brasileira no exterior e, assim, Rezende teve como fazer sua matéria.
Tudo certo, mas o problema é que a polícia local não teve informação sobre a operação dos brasileiros. Por isso, desde antes de sair do Brasil, Marcelo já temeu que ocorreria um problema. E pediu que ele levasse uma fita da Xuxa caso alguém solicitasse o material de sua reportagem.
Jornalista da Globo está farta da rotina da madrugada
A chegada ao aeroporto de Assunção foi tensa. Vários oficiais já sabiam que a polícia estava no encalço dos sequestradores. Rezende entendeu que um jornalista que passou por ele no Brasil passou o recado. E um oficial perguntou para Marcelo o que ele estava fazendo lá. O jornalista disse que era para uma matéria sobre turismo como forma de despistar o militar.
Posteriormente, ele conseguiu a liberação e acompanhou os sequestradores que foram barrados no aeroporto. Os bandidos foram até o país para pegar passaporte falsos e fugirem para a Espanha. Porém foram pegos a tempo.
Polícia paraguaia descobriu situação e prendeu Marcelo Rezende
Mas como os paraguaios sabiam de tudo armaram a emboscada e todos foram presos no local. Marcelo ficou em uma cela da penitenciaria nacional, onde, anteriormente, ocorreram torturas na época da ditadura. Ele subornou alguns militares para conseguiu comida e depois de três dias obteve a liberdade.
Porém a polícia temeu que a equipe de reportagem tivesse registro de toda a operação. E se fosse ao ar seria uma vergonha para o país devido a “quebra de hegemonia”. Essa situação gerou um incidente diplomático, pois Paraguai entendeu operação como invasão de território e expulsou todos do local. Posteriormente a polícia carioca disse que não informou o caso pois não havia tempo para burocracia.
Assim, o câmera fingiu incômodo, mas sabia que a polícia estava com algumas das fitas. Já as boas, a equipe de jornalismo escondeu na fuselagem do avião que levou os bandidos de volta.
Além disso, havia um problema que serviu como vantagem para Rezende. A fita do Brasil era do sistema Betacan, e do Paraguai, U-matic. Até eles fazerem a conversão a equipe da Globo teria tempo para retornar.
Marcelo Rezende voltou ao Brasil com material intacto
Posteriormente, o jornalista pediu para Globo deixar um plantão preparado para ele informar a sua chegada. A época a programação da emissora não era de 24 horas. Assim, nessas urgências, era preciso colocar um filme antes manter a tv no ar e exibir o flash. Assim ele entrou após a vinheta, que, em 1990, não era a de hoje, apenas um slide com logo Plantão JN. E disse que tinha todo o material da prisão, o que inicialmente estava programado para passar no Jornal Nacional.
Como a matéria estava quente passou a tarde no Jornal Hoje.
E a trapalhada custou caro para o oficial, que foi preso por “receptação de carros roubados” do Brasil.
Marcelo contou bastidores do caso no seu livro Corta para Mim